quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Obrigada Catarina Maul! O Programa Bem Cultural da TV Vila Imperial apresenta o meu poema "Aos Distraídos!" , título do livro de Cris Dakinis 2010

Registro aqui o link para a leitura do poema "AOS DISTRAÍDOS!" pela apresentadora do Programa Bem Cultural, a Profª Catarina Maul / Petrópolis/ RJ 2010.

http://www.youtube.com/watch?v=07b9HIRIrsM

Muito Obrigada, Catarina Maul!
Agradeço, ainda a Casa D'Italia pela consideração e pelo belo troféu a mim conferido referente ao 2ª lugar no Concurso de Poesia Serra Serata - Passione
:)

Até dia 15/10 - Inscrições aceitas para o II Concurso de Poesia AMOR DEMAIS
REALIZAÇÃO: Clube de Poesias do Petropolitano F.C.

APOIO: Secretaria de Educação, Academia Brasileira de Poesia – Casa Raul de Leoni, APPERJ, Bem Cultural (TV Vila Imperial – canal 19)

ORGANIZAÇÃO: Catarina Maul
Link com o regulamento: http://noticia-comunicacaolivre.blogspot.com/

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mais outro! 2º lugar com o poema Movimento Poético Passione - Serra Serata - Por Cris Dakinis





MOVIMENTO POÉTICO PASSIONE
(variação de "Adágio ensolarado # 2")

Minhas composições sonoras
Ecoam de verso em verso
Vibram por linhas andantes
Contando, cantando, canoras

Com Sol sustenido a altear
Elas entoam tons de céu
Sem mínimas ou cantos de Dó
Só vento soprando por Lá

Eu ouço o que descrevo e escrevo
Meus longilíneos versos afinados
Mas um regente anuncia enfadado:
Mude o poema desse ritmo allegro!”

Compassiva, presto-me a alterar
O movimento pautado, mas ao largo
Solo passione é o que sonata o meu poema
Serra Serata em um adágio ensolarado!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cris Dakinis - Homenageada de junho no Blog POESIARTE: Muito obrigada!


















Manifesto a honra por ter sido homenageada como a poeta de junho no Blog Poesiarte __ Obrigada!
Convido meus Amigos a visitarem o blog através deste link e comentarem o meu poema IDEIAS AO VENTO (do livro Por Arte de Magia). Segue o link:
http://poesiarte.blogspot.com/2010/06/destaque-poesiarte-de-junho.html

*Divulgue e comente! Muito obrigada! Cris :)

terça-feira, 8 de junho de 2010

A terra dor



















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Há muito, fazemos pouco de ti
Porque mãe
A Terra envolta
Que cede
Seu fruto
Seu tudo
Seu meio
A vida
Os seios nutrindo...
Há pouco, fazemos algo por ti
Porque mãe
A Terra de volta
Que sede
De fruto
De tudo
De meio
A vida?
Os seios secando...
Agora, fazemos poemas pra ti
Porque mãe
A Terra revolta
Que treme
Sem fruto
Sem nada
Sem meio
A vida?
Os seios aguando degelo...
É tempo de fazermos tudo por ti
Porque mãe
Idosa e febril
Calor imaternal
Da natureza morta
Reconstruirmos a fonte
Nosso eco de eras
A Terra dor?
Filhos desnaturados...

* Cris Dakinis

Sirvo-me do acervo






















Uma pausa
A manhã passou
e antes que seja tarde,
ora, é hora de almoçar!
Uma caminhada saudável e
adiante, a aguardada iguaria:
variada, leve... Levo!
Levo os livros e leio livre...
Alguém chega e compartilha
a mesa comigo, em meio a folheados.
Aprecio o acompanhamento e
sirvo-me de boa pedida
Muito crônica
Meio poética
É de novelas!
Nem te conto...
Se eu me descuido, ela rende!
Perigo é desandar...
Sobre mesas alheias, folheados variados
A biblioteca é o meu café
rápido, imprescindível, habitual
prazeroso, aromático, intelectual
Agora, a hora de ir embora
Levo o lido acolhido
Volto sempre!
Sirvo-me da farta variedade...
Sirvo-me do acervo!
Apuro meu paladar diário
no mesmo horário...
Quisera eu ser o bibliotecário!

*Cris Dakinis

23ª Noite Nacional de Poesia 2010

ROTINA DE UM CAIÇARA - Cris Dakinis













Arte gráfica do poema elaborada por Heloisa Galves



Disposto, o caiçara chega da lida
Seus pés marinados na água salgada
Tá rico! Deu conta da eterna jornada
Os dias de pesca é a rotina da vida

Em casa, a família espera com fome
Os filhos acodem e estendem a rede
Cai a chuva então: ói água pra sede!
O povo de casa se orgulha do nome

Desse pai caiçara, que dia a dia
Traz gosto, comida; traz o ganha pão
A mãe tá contente aguando a pia
Repleta de peixes pra trazer o tostão
Mais tarde, vai ele pra feira na praça
Os peixes regados são frescos do dia
Contente, o caiçara no seu dia a dia
Ao fundo, a lagoa: a fonte da graça!

Lá vem temporal! Pra casa então...
Em casa, o caiçara encontra os seus
Filhos festejando o banho dos céus
Patroa lavando o chão com sabão

Madruga com vento assanha a lagoa
Em pouco, o caiçara sairá pra pescar
Toma o seu café e um tasco de broa
Tá novo pra lida nas águas do mar

*Cris Dakinis

4º lugar na XXIII Noite Nacional da Poesia (UBE/MS/ maio 2010)

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quarta-feira, 5 de maio de 2010

POEMA NO ÔNIBUS - GRAVATAÍ/ RS 2010 - Cris Dakinis












Dois poemas classificados pelo Concurso POEMA NO ÔNIBUS, promovido pela FUNDARC Gravataí/RS: "AOS DISTRAÍDOS" E "AOS FESTIVOS!"



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AOS FESTIVOS!

vinhovinhovinhovinhovinhovinhovinhovinho
vinhovinhovinhovinhovinhovinhovinho
vinhovinhovinhovinhovinhovinho
vinhovinhovinhovinhovinho
vinhovinhovinhovinho
vinhovinhovinho
vinhovinho
tinto
tinto
tinto
tinto
dededededede
mesamesamesamesamesa
mesamesamesamesamesa

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AOS DISTRAÍDOS!
A poesia do dia
Amanhece cedo
Ergue as cortinas e
Toma sol na calçada

Acorda numa revoada
De sanhaços ao vento
Porque a poesia é sonora
Ela nasce en-cantada

Só os incautos ouvem
A poesia do dia...
Distraídos que estão
Do seu diário ganha pão

* Cris Dakinis

E-book com conto HORA MARCADA" - Cris Dakinis / Homenagem 200 anos de nasc. Edgar Allan Poe, premiado pela FACCAT e publicado pelo Jornal Panorama





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VIII CONCURSO LITERÁRIO FACCAT / JORNAL PANORAMA / RS/Setembro 2009, em 7º lugar pela comemoração dos 200 anos de nascimento de Edgar Allan Poe / com o conto: "Hora Marcada".
SOMENTE AGORA ENCONTREI O LINK PRO CONTO, EM PDF - UMA HOMENAGEM AO MARAVILHOSO POE! :)

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HORA MARCADA

Eugênio apressava Luísa, que contrariada com a impaciência do marido, desistiu de trocar de bolsa novamente, a fim de que não se atrasassem. Chegaram cedo ao consultório. Luísa observou que a janela estava escancarada. Subiram uma pequena escada até chegarem a uma larga porta de grades que separava os degraus da sala de espera. Podia-se divisar através das grades a porta do consultório, que se encontrava fechada. Eugênio estranhou. Conferira o número do prédio antes de subirem. “Confundira a data ou hora da consulta?“. Luísa reclamava enquanto insistia em apertar uma campainha que descobrira no portal. Eugênio consultou seu caderninho de anotações: dados corretos. Precisavam aguardar... Cansados, sentaram-se na escada, enfim. Como não havia mais ninguém, puderam esticar as pernas ao longo dos degraus, e Luísa até achou divertido assistir à chuva miúda que caía lá fora no pátio de um prédio ao lado. Por falta de melhor distração, passaram a conversar amenidades. Foi então que Eugênio decidiu recostar-se à porta gradeada e esta se abriu.
__ Ora! Estava somente encostada! E nós aqui, feito dois bobos sentados do lado de fora! Ainda bem que não chegou ninguém para nos flagrar nessa situação __ Observou Luísa.
Entraram. À recepção, porém, não havia ninguém para lhes atender. A porta do consultório estava fechada. Contudo, ambos ouviram uma voz dentro do consultório. Parecia ser a do médico conversando por telefone ou com algum paciente. Ficaram aliviados: o doutor Rômulo já havia chegado e seriam logo atendidos. Sentaram-se, e dessa vez, nas poltronas. Esperaram muito... Luísa mostrava-se mal impressionada com a poeira acumulada: “Nenhuma faxineira? Então o doutor cobrava caro a consulta para aquele desleixo?”. Eugênio ouvia as reclamações e cismava... Havia algo errado... “E os outros pacientes?”. Sentiram então um forte cheiro de remédio, desses usados para tratamento dentário. A espera estava longa e monótona... Luísa precisou utilizar o lavabo, e Eugênio a acompanhou ao longo do corredor. Ficaram surpresos com o que viram ao abrirem a porta. Estava tudo muito sujo e abandonado. Olharam, quase ao mesmo tempo, para um filtro d’água feito de barro que estava sobre um suporte a um canto. Eugênio destampou o recipiente: a água encontrava-se lodosa. Foi o suficiente para que decidissem, sem trocarem palavra alguma, sair dali imediatamente. Após atravessarem a porta de grade, avistaram uma moça no alto do prédio ao lado, acenando-lhes vigorosamente, como a sinalizar que se fossem. Deram asas aos passos e desceram as escadas com o vigor de um casal de adolescentes. Do lado de fora do sobrado, acharam certa graça do medo que sentiram.
__ Eu não volto mais lá! __ Disse Luísa veementemente.
Eles se lembraram do barulho dentro do consultório, do cheiro de remédio, da voz lá dentro. Luísa avistou uma banca com vistosos caquis e distraiu-se do incidente. O fruteiro era simpático e falante, então Eugênio resolveu perguntar se ele ouvira falar no doutor Rômulo.
__ Claro!
__ Conhece-o então? Rapaz, nós estivemos no consultório dele, mas o doutor não apareceu...
__ O senhor esteve lá, hoje?
__ Sim. Hoje não é dia de consulta? Marquei a consulta pelo telefone.
__ Olha, se estamos falando da mesma pessoa __ e acho que estamos __, ele não poderia mesmo estar lá, não. O doutor morreu há mais ou menos um ano. O consultório ficou fechado desde então. Quando foi que o senhor marcou essa consulta?
Eugênio ficou perplexo e Luísa parecia uma estátua, de paralisada que ficara.
__ Rapaz, eu falei com ele nessa semana pelo telefone. Ele mesmo atendeu ao chamado e marcou o horário comigo __ Insistiu Eugênio.
__ Ah, ah! O senhor levou uma “pernada” de algum gozador! Vai ver, o senhor ligou para um número errado... Não há ninguém trabalhando naquele sobrado. Ninguém nem sobe lá pra nada!
__ Amigo, falei com ele. Reconheci-lhe a voz. E tem mais: ouvimos pessoas falando dentro da sala dele hoje, e estavam usando os medicamentos do consultório, sentimos o cheiro...
O fruteiro ria a valer, mas reparando o rosto de seriedade do casal, recompôs-se. Não podia deixar de lhes dizer, entretanto, que ninguém usava aquele sobrado desde a morte do doutor.
Após pagar o estacionamento, Eugênio decidiu, para contrariedade de Luísa, perguntar ao vigilante do pátio se ele conhecia o dentista.
__ Sim, conheci. Faleceu há um ano. O senhor veio procurar por ele? Tem outro dentista também muito bom aqui pertinho. Nem precisa ir de carro até lá...
Eugênio e Luísa preferiram seguir para casa. Enquanto abriam a porta, o telefone tocava...
__ Que foi? Que cara é essa? Quem era ao telefone? Alguém morreu? __ Indagou Luísa.
__ Pelo contrário... Era o doutor Rômulo para remarcar a consulta...



*Cris Dakinis

quinta-feira, 22 de abril de 2010

IMORTAIS - Por Elizabeth Franco

















Imortais

Já viajei o mundo,
conheci homens e mulheres,
visitei outros planetas,
conversei com mortos.

Domei o Tigre Asiático.
Mergulhei no fundo do Atlântico,
afundei-me em almas,
devastei corações,
roubei vidas.

Suguei o sangue da humanidade,
chorei pela liberdade.
Sorri pela prisão imortal.

Desvendei mistérios,
tornei lendas em realidades.
Achei gelo na África.

Procurei por respostas,
fui a Deus,
voltei com o Demônio.

Fui a todos.
Perguntei ao Coelho,
perguntei ao eremita
e nem Marlin me respondeu
porque um vampiro e um poeta
são companheiros imortais.

quarta-feira, 10 de março de 2010

ALTARES ALTERADOS por Heloisa Galves


Em homenagem a minha Amiga, a talentosa HELOÍSA GALVES, subo a postagem deste seu poema, originalmente publicado nesta página em 21/01/2010 com a sua aprovação.
Bravo! Belíssimo como tantas outras obras suas!
Fique com Deus, Helô!

ALTARES ALTERADOS


Eu vivo quebrando regras

Desde a infância e dos sacis

Que em meus cadernos

Tinham sempre duas pernas


Pintava casas sem portas

Pra ninguém do bem sair

Ninguém do mal entrar

E profanar meu altar anímico

Com bonecos sem cabeça,

insetos moribundos

O retrato de minha avó

E coisas de outro mundo


Das gaiolas voei aves,

E a vida se aprumava...

Na ponta de meu lápis...


Cresci e inda vivo

Destroçando normas

Invocando deuses

Desfigurando formas...


E assim vento em popa meu destino,

Cobre-se de diversão quando lamento

Chora de dor quando rio...


E para iludir-me

Deito-me em umbrais

Posto que meus horizontes

São sempre verticais.


sábado, 27 de fevereiro de 2010

IDEIAS AO VENTO - Por Cris Dakinis





Minha mente ultrapassa o perto ...
Ao largo do onde, do modo, do tempo
Decide rápido e certo; outrora, incerto
Daí, revoadas em meu pensamento

Idéias são frutos a todo momento ...
Umas de instante; muitas distantes
Pois elas escapam e dançam ao vento
Perigo entendê-las: rebeldes, errantes

Razão que reclama chama-me a tempo
de meditar, refletir, sem vagar: com sossego
Mas minhas idéias que dançam ao vento,
disparam, desprendem, desprezam o apego

Detê-las ou prendê-las: inútil intento ...
Pois eu mal as tenho, e escapam de mim
Viajem, idéias ! Que dancem ao vento !
Levando-me em asas de sonhos sem-fim


*Cris Dakinis

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Relógio louco




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Na sala da casa de minha avó

Reparei que o relógio

enlouquecera...

Antes, aparecia só o cuco

a cada hora batida

Mas por estar o aparelho maluco

Não havia mais ave repetida!

Às seis horas o cuco cantava

Às sete, tomava sua vez um canário

Às oito, o mais esquisito:

um chilrear de periquito!

Aves em camurças multicores

Tons de azul, laranja, furta-cores

Aves, parem com isso! __ Eu pedia

Só apareciam pra mim...

Lá vinham as nove horas, e eu ouvia

O canto de um melro carmim!

Menina, isso não existe...

Dizia minha avó a sorrir

Nisso, outra ave surgia

da portinhola que abria

Quieta, eu ouvia a cantiga

de um canoro sabiá...

E vovó a me perguntar:

__ Você aprendeu a assoviar?

O relógio louco...

Os pássaros vários...

Em cantos e cores alternantes

Mas isso foi antes, bem antes...

Antes de eu ficar adulta...

Depois o relógio ficou normal

Hoje, somente o pássaro cuco aparece

O relógio ficou sério e desloucado

* Cris Dakinis

*Integra o livro POR ARTE DE MAGIA

GEODÉSICA por Flá Perez

GEODÉSICA

Você diz que nesse andar,
sou horizonte sempre
e não chego ao Algum Lugar.

Que serpenteio, bailo
versejo pelas ruelas,
que sou elipsoidal
e ando em círculos
nas paralelas.

Mas meu corte é a transversal
onde você caminha,
mesmo que eu trance as pernas.

Nem que se apaguem linhas,
ainda assim,
cabem perfeitamente em mim
as suas taras.

Quer saber de verdade, cara,
o que me dana?

Essa distância entre nós
ser muito plana.

O que me estaca, o que me mata,
é a menor distância entre dois pontos,

que é muito chata.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

INQUIETUDE por Perpétua Amorim



Inquietude

Quando aninha cá dentro
Uma saudade de não sei o que
Uma inquietude danada
Dessas de doer as entranhas
Misturando os sentimentos
Buscando uma estranha razão.

Mas quem disse que eu procuro razão?

Quero mesmo é divagar
Entre sonhos e pesadelos
Entre o real e o abstrato
Correr como corre o rio
Com sua língua desvairada
Lambendo pedras e ribanceiras
E sem culpa cuspir no mar.

Mas quem disse que eu procuro o mar?

Quero mesmo é olhar as estrelas
Pegar uma a uma na palma da mão
Fazer delas um banquete especial
Para o meu pobre andarilho
Que busca mais... Muito mais
Do que água e pão.

Mas quem disse que eu quero pão?

Quero mesmo é cavalgar por montanhas infindas
Atrás do meu ouro em potes
Que herdei de Ali Babá
Libertar-me da antiga túnica
E vestir meus sete véus
Engasgar-me com o que restou do vinho
E ser expulsa dos céus.

Mas quem disse que eu não quero os céus?

GRÃO DE AREIA por Altair Cirilo




Sabedoria é a coisa principal. Adquire sabedoria; e com tudo que adquirires, adquire compreensão.
Provérbios 4:7

Eles têm delírios,
segredos, prioridades,
têm planilhas,
a trama em Wall Street
(mas um ínfimo grão de areia
eles não podem conceber)

Eles têm objetivos,
diretrizes, portarias,
têm o sistema binário,
e tentam encontrar Pasárgada
dentro das enciclopédias
(mas um ínfimo grão de areia
eles não podem conceber)

Eles têm glamour,
conceitos,
desejo, erro,
têm síndrome do pânico
(mas um ínfimo grão de areia
eles não podem conceber)

Eles têm cartão de crédito,
estatística, soberba,
cronogramas,
têm a ponte de Brooklin,
o canal do Panamá
(mas um ínfimo grão de areia
eles não podem conceber)

Eles têm slogans como:
quem pode mais chora menos
e
o mundo é dos espertos
(mas um ínfimo grão de areia
eles não podem conceber)

Eles têm poliuretano,
betume, asbesto, alcatrão,
(mas um ínfimo grão de areia
eles não podem conceber)

Eles têm codeína,
dexametasona,
sulfametoxazol,

têm mecatrônica,
astrologia, web,

têm mais que sete pecados,
mais que trinta dinheiros,
bem mais que quarenta ladrões,

têm a meta, o modo, a função,

tem o destino,
o emblema,
o paideuma

(mas um ínfimo grão de areia
eles não podem conceber)

Eles crêem em utilidade,
no valor comercial de cada ato,
na devida posição conforme a posse

Crêem em música para relaxar,
história para dormir,
arte como vitrine,
poemas (diferentes deste)
que celebrem tudo que têm

(então qual o sentido de coisas simples
como um ínfimo grão de areia?)

eles avançam, crescem, evoluem,
obstinados, cegos,
crentes em sua fé
num deus ex machina

(não, não podem conceber
um ínfimo grão de areia)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MÁGICA por Carlos Bruni



PREMIADO PELA SECRETARIA DE CULTURA DE GUARATINGUETÁ

MÁGICA

Fruta redondarodando nos olhos.

Cheiro e recheio de prazer
no tato e no trato.
Todos os sentidos,
sentidos.
(Abra, abracadabra!)
Magia, mania, Maria.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SETEMBRO NEGRO por Edweine Loureiro




Paz
nos jogos.
Os jogos da paz?
Mas…
Foge, Spitz!
Nada
mais
forte! !
Quebra
o recorde
do esporte
e da vida.
Viste, Waldi,
quem vem ali?
Vi.
Então salva
o rei Hussein.
Pois a Morte
veste Fatah.
Fatal.

domingo, 24 de janeiro de 2010

AMÉLIA por Rosana Banharoli





Redemoinho de histórias e refeições
Rasga o espaço e suga-me para seus mistérios
Hálitos e hábitos que nunca romperam a mordaça.
Enevoado, espectral.
Sustentada por vertentes de notas
Flutuo nos cheiros fugidios de velhos baús.
Hortelã capim-cidreira erva-doce melissa.
Braços estendidos a tocar o passado buscam
A clareza das respostas empoeiradas nos bolsos
De antigos casacos.
Queijo branco doce de abóbora compota de figo
Bolinho de chuva leite com groselha.
Mãos senis do outro lado,
Onde quase chego.
Piso na relva que alicerça esta passagem .
Sinto as pequenas flores que descolaram de seus vestidos.
Quero me confortar nelas.
Só alcanço o raminho de arruda de traz de sua orelha.
Chorinhos e risinhos de pés descalços guardados em seus ouvidos
De cabelos lilás e avental de plástico.
Desço os degraus esverdeados de meus devaneios e,
A música chega ao final.

RETRATO TRAÇADO por Junior Filth





Num molde abstrato

Faço, refaço

- traço a traço -

Os riscos do retrato

Imagem de adjetivos

Crassos, escassos

Que do fracasso repasso

Servindo as palavras como aperitivos

Para o leitor, ofereço a talher

E passo a passo

Em pedaços me estilhaço

Ao mostrar o esboço da perdida mulher

Horas após, na janela discreta

Apoio os braços no aço

Dos abraços devassos

E sob a luz das estrelas, me torno poeta.

ESTAÇÕES E LEMBRANÇAS por Junior Filth





Sentia aquele corpo feito brasas me corrompendo;

A beleza fulgurava ardente em meio à ilusão.

Perdido em lembranças, vejo-a insaciável e cedendo,

Aplacada por minhas carícias numa noite de verão.

Por ela, desvelei o eterno fascínio

Quando pôs fim a dor e ao meu abandono.

Felizes, não pensávamos no possível declínio

Dos dias lascivos que nos amamos ao outono.

Subitamente, veio a última vez

Das palavras doces de amor eterno.

Relutei ao vê-la tomada pela lividez

No ataúde exposto à frieza do inverno.

Restam agora apenas lembranças

Da mulher que não mais me espera.

Guardarei para sempre nas entranhas...

A solidão da inalcançável primavera.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

POEMA DOS DEZ DEDOS - por Elias Araújo



Sobre gestos poliglotas,
de linguagem universal.
Sobre antigas portas
que se abrem
para o bem
ou para o mal.
Sobre meninos
pequeninos
arteiros.
Sobre carinhos
primeiros.
Sobre verbos
eternos
que acionam sem quaisquer medos
gestos não verbais
não orais
apenas mais
dos dez dedos:
Tocar
a pele
de leve
devagar!
Penetrar
pelos cabelos
retê-los
como ondas do mar!
Agredir
o alheio
sem receio
desenhar-se na face:
desenlace!
Segurar
a mão
o perdão
do outro magoado
ser humano amado.
Enxugar
a lágrima
a lástima
como se seguram estrelas.
Acariciar
as mãos
com as mãos
na mágica de prendê-las...