Sentia aquele corpo feito brasas me corrompendo;
A beleza fulgurava ardente em meio à ilusão.
Perdido em lembranças, vejo-a insaciável e cedendo,
Aplacada por minhas carícias numa noite de verão.
Por ela, desvelei o eterno fascínio
Quando pôs fim a dor e ao meu abandono.
Felizes, não pensávamos no possível declínio
Dos dias lascivos que nos amamos ao outono.
Subitamente, veio a última vez
Das palavras doces de amor eterno.
Relutei ao vê-la tomada pela lividez
No ataúde exposto à frieza do inverno.
Restam agora apenas lembranças
Da mulher que não mais me espera.
Guardarei para sempre nas entranhas...
A solidão da inalcançável primavera.
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