domingo, 24 de janeiro de 2010

AMÉLIA por Rosana Banharoli





Redemoinho de histórias e refeições
Rasga o espaço e suga-me para seus mistérios
Hálitos e hábitos que nunca romperam a mordaça.
Enevoado, espectral.
Sustentada por vertentes de notas
Flutuo nos cheiros fugidios de velhos baús.
Hortelã capim-cidreira erva-doce melissa.
Braços estendidos a tocar o passado buscam
A clareza das respostas empoeiradas nos bolsos
De antigos casacos.
Queijo branco doce de abóbora compota de figo
Bolinho de chuva leite com groselha.
Mãos senis do outro lado,
Onde quase chego.
Piso na relva que alicerça esta passagem .
Sinto as pequenas flores que descolaram de seus vestidos.
Quero me confortar nelas.
Só alcanço o raminho de arruda de traz de sua orelha.
Chorinhos e risinhos de pés descalços guardados em seus ouvidos
De cabelos lilás e avental de plástico.
Desço os degraus esverdeados de meus devaneios e,
A música chega ao final.

2 comentários:

Cris Dakinis disse...

Parabéns, Amiga! Ela deixou saudades muito bonitas...eu nem sabia mais como ilustrar!

Anônimo disse...

Cris, obrigadíssimo pelo seu tempo, carinho e dedicação a mim e ao poema. Você retratou-ae como se a conhecesse, isso só foi possível porque a viu com a alma poética que você tem. Obrigada, sempre!Rosana Banharoli